Entender o significado deste termo te ajuda a compreender o que acontece com a economia e porque os preços mudam constantemente
Você sabe o que é inflação? Embora este seja um dos termos mais comentados quando o assunto é economia, nem todas as pessoas sabem exatamente qual é o seu funcionamento e especialmente quais impactos traz ao dia a dia.
A inflação é uma daquelas irmãs que sempre levam a culpa por tudo o que acontece de ruim com nossa vida financeira.
O preço do tomate aumentou? É culpa da inflação! O dinheiro não é suficiente para pagar as contas? Lá vem a inflação…
A sensação que a gente tem é a de que ela está ali, escondidinha, só esperando o momento certo para cair na boca do povo.
Mas, será que a inflação só existe para tirar nosso sono e o tomate da salada? A resposta você terá se ler esse texto até o final.
Só pra você ter noção, de acordo com um levantamento da Paraná Pesquisas feito em 2013, o brasileiro considera que a inflação está alta e percebeu, no bolso, o impacto dos preços elevados, mas entre as 2,5 mil pessoas entrevistadas, 66,4% não sabe dizer em que patamar está a inflação acumulada nos últimos 12 meses.
Você não precisa ser um grande entendedor de economia, mas saber sobre a inflação é fundamental para compreender melhor o que acontece neste universo e conhecer porque, na prática, o valor das coisas aumenta com o passar do tempo.
Continue conosco para tirar suas dúvidas sobre o assunto!
Dando nome aos bois: o que é inflação?
Basicamente, é o aumento dos preços de produtos e serviços que impactam no dia a dia da população, ou seja, em seu custo de vida.
Com maior riqueza de detalhes, temos que a inflação é o aumento, seja ele contínuo ou não, de produtos e serviços essenciais para a população, o que significa que nem todo aumento de preços consiste necessariamente na inflação.
Tais produtos e serviços são contemplados em uma categoria conhecida como “cesta de produtos”, a qual abrange habitação, alimentação, saúde, transporte, vestuário, educação, comunicação e despesas pessoais.
Portanto, o aumento no preço de um ingresso de cinema não necessariamente reflete a inflação, ao passo que o fato de produtos estarem custando mais no mercado do que antes, como batata, tomate, arroz e leite, podem ser indicativos de um movimento inflacionário.
Também é importante entender que a inflação não se comporta de maneira unificada, mas sim variada. Por exemplo, as áreas de alimentação e transporte podem apresentar aumento ao mesmo tempo em que a habitação e o vestuário demonstram uma redução.
Até mesmo dentro da mesma “área”, a inflação pode se comportar de maneira diferente. Por exemplo, a batata e o açúcar podem ter aumentado de preço ao mesmo tempo em que o óleo e o feijão ficam mais baratos.
Podemos dizer que o termômetro oficial da inflação no país é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o qual, por sua vez, é medido todos os meses pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Leia agora: Tudo o que você precisa saber sobre a economia brasileira
Como a inflação prejudica o seu bolso?
Resumidamente, pela redução do poder de compra das famílias brasileiras, já que a mesma quantidade de dinheiro passa a comprar menos produtos daquela cesta que comentamos anteriormente.
Para um exemplo prático, vamos olhar para a inflação oficial de junho de 2020, medida pelo IPCA e divulgada pela Agência Brasil.
No mês citado, a inflação oficial ficou em 0,26%, maior que o valor de maio de 2020 (-0,38%, ou seja, deflação) e também maior que o valor de junho de 2019 (0,01%).
Com este resultado, o IPCA acumula uma inflação de 0,10% no ano de 2020 e de 2,13% no acumulado de 12 meses, de julho de 2019 a junho de 2020.
Os principais itens que puxaram a inflação foram os alimentos e bebidas, com alta de 0,38%. Alguns destaques foram os seguintes, acompanhados da respectiva elevação nos preços:
- Feijão carioca (4,96%);
- Arroz (2,74%);
- Queijos (2,48%);
- Leite longa vida (2,33%);
- Carnes (1,19%);
- Refeição fora de casa (0,22%).
Nos transportes, a inflação foi de 0,31%, com os seguintes resultados nos itens:
- Etanol (5,74%);
- Gasolina (3,24%);
- Gás veicular (1,01%);
- Óleo diesel (0,04%).
Artigos de residência (1,30%), comunicação (0,75%), saúde e cuidados pessoais (0,35%), educação (0,05%) e habitação (0,04%) foram outros grupos de despesas que apresentaram aumento. Vestuário (-0,46%) e despesas pessoais (-0,05%) tiveram deflação, que é como uma “inflação negativa”, quando os preços caem.
Vamos tomar como exemplo a variação da inflação para os alimentos que comentamos anteriormente. Se todos eles custassem R$ 10 por quilo ou litro em maio de 2020, isso significa que os preços médios seriam os seguintes graças à inflação de junho de 2020:
- Feijão carioca: R$ 10,50;
- Arroz: R$ 10,27;
- Queijos: R$ 10,25;
- Leite longa vida: R$ 10,23;
- Carnes: R$ 10,12
Depois de entender o que é inflação, agora você sabe que é por meio dessas variações que sentimos seu impacto no bolso.
Quem são os criadores da inflação?
A inflação pode ser causada por 3 contextos diferentes: o monetário, de demanda e custos. Confira o que significa cada um deles:
Inflação Monetária:
Ocorre quando o governo emite dinheiro de forma descontrolada para estimular as pessoas a comprarem cada vez mais.
Inflação de Demanda:
Ela é consequência da inflação monetária. A capacidade de consumo passa a ser maior do que a capacidade de produção.
É por isso que os preços aumentam.
Inflação de Custos:
Também é causada pela inflação monetária.
Nesse caso, os preços de mão-de-obra, matéria prima, equipamentos, entre outros itens que fazem parte do processo de produção, sobem.
Então a gente vive em uma inflação monetária?
O governo brasileiro é responsável por administrar sua casa, que é o nosso país.
Isso significa que ele deve saber direcionar os gastos com infraestrutura, saúde, segurança, educação, entre outros.
De onde sai o dinheiro para tudo isso? Basicamente, da arrecadação de impostos.
Quando ela não é suficiente, o governo precisa de outras estratégias para poder fechar a conta de todos os compromissos financeiros.
Um dos caminhos é a venda de Títulos Públicos por meio de uma ação chamada “Reservas Fracionadas”.
Com isso, ele acaba despejando mais dinheiro na economia, mas continua gastando mais do que arrecada.
Outra opção é a famosa dívida externa, ou seja, ele pede empréstimo aos países que possuem uma economia mais equilibrada.
Para pagar a dívida, taxas de juros são cobradas.
Isso piora ainda mais a situação da nossa economia. É preciso fazer outra dívida para pagar a anterior.
Para você entender melhor, é como se a gente fizesse um empréstimo para pagar outro empréstimo. Vem bola de neve por aí…
Veja Mais: Investimento em imóveis, vale a pena?
Para qual país eu devo ir para fugir da inflação?
Se você acha que inflação é um problema típico de brasileiro, está muito enganado.
A Venezuela terminou o ano de 2019 com inflação de 39113.80%. Por aí, não é difícil entender por que o país tem sido destaque nas notícias.
A Argentina também fechou o ano com um número preocupante. O país contou com uma inflação de 52.90%.
Saindo um pouco da rota das Américas, a inflação também está presente na Europa. A Turquia finalizou o ano com o índice de 11.84%.
As consequências desses dados a gente já conhece: desemprego e aumento da pobreza.
Em casos extremos, como acontece na Venezuela, a população sofre com problemas relacionados ao consumo de itens básicos, como alimentação.
E onde é que entram os índices de inflação?
Os índices de inflação são indicadores utilizados para medir o aumento ou a variação destes preços.
Eles também servem para revelar qual é o impacto disso no custo de vida do brasileiro, ou seja, no nosso bolso.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O resultado desse cálculo é a inflação oficial do país.
Para chegar a um padrão, o órgão de pesquisa leva em consideração o que as famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos gastam com saúde, alimentação, despesas com a casa, educação, entre outros.
Se o que as famílias ganham não está dando conta de pagar todas as despesas, isso é um sinal de alerta.
Ao fazer o dinheiro perder valor, a inflação acaba estimulando o aumento da pobreza.
Para evitar que ocorra uma crise econômica grave, o governo deve analisar os índices gerados pelo IPCA.
Com isso, ele será capaz de pensar em estratégias para manter a economia em equilíbrio.
Existe inflação equilibrada?
A inflação não é sempre a vilã da história. Ela precisa existir para estimular a concorrência das empresas e, como consequência, fazer com que a gente gaste dinheiro.
Não é à toa que muitas lojas fazem ofertas e liquidações. Essa é uma forma de fazer com que o dinheiro circule.
Nesse sentido, a inflação equilibrada é aquela que tem como base as expectativas para o crescimento da economia.
Por isso, o Banco Central calcula um índice de inflação aceitável. Isso significa que ele cria metas para manter o controle dos preços.
Para 2020, a meta de inflação é de 4,5% ao ano.
Isso significa que a economia deve crescer em 4,5%. Para garantir que isso aconteça, o Bacen estipula a taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia.
É por meio dela que os bancos e outras empresas estabelecem os juros que serão cobrados na venda de produtos ou serviços.
Quando a taxa Selic é muito alta, tudo fica mais caro, o que reduz a inflação. O contrário também acontece, ou seja, quando a meta da Selic diminui, os preços caem, o que pode elevar a inflação.
Como a inflação pode ser evitada?
Isso é algo que, na prática, não está em nosso controle. É verdade que temos alguma participação, mas ao saber o que é inflação, percebemos que ela reflete um índice geral da população e que, por isso, a influência de cada pessoa é bem pequena.
A queda na demanda é algo que poderia evitar a inflação e até causar deflação.
Um exemplo prático disso é que durante períodos de distanciamento social mais intenso aqui no Brasil, como em meados de abril e maio, o preço dos combustíveis caiu significativamente.
Isso aconteceu porque muita gente estava em casa, sem usar o carro e, por isso, a demanda pelo combustível caiu bem.
Como consequência, os preços também despencaram.
Porém, com o retorno de muitas pessoas às suas atividades, a demanda pelos combustíveis voltou a aumentar e, com isso, os preços também subiram, já que não era necessário “estimular” a população a comprar tais itens.
Uma queda nos custos de produção dos itens também poderia ajudar na deflação.
Por exemplo, se o preço da saca do café caísse por parte dos produtores, então o produto final poderia ser vendido a um preço menor ao consumidor.
Até mesmo o aumento da taxa Selic, definida pelo COPOM, também poderia resultar na queda da inflação, pois as taxas pagas pelos bancos aumentariam, os produtos de crédito tornariam-se mais caros, os financiamentos seriam desestimulados e o consumo também, tudo em um efeito dominó.
Confira também: Investimento em imóveis, vale a pena?
Como a inflação pode ser evitada?
Isso é algo que, na prática, não está em nosso controle. É verdade que temos alguma participação, mas ao saber o que é inflação, percebemos que ela reflete um índice geral da população e que, por isso, a influência de cada pessoa é bem pequena.
A queda na demanda é algo que poderia evitar a inflação e até causar deflação.
Um exemplo prático disso é que durante períodos de distanciamento social mais intenso aqui no Brasil, como em meados de abril e maio, o preço dos combustíveis caiu significativamente.
Isso aconteceu porque muita gente estava em casa, sem usar o carro e, por isso, a demanda pelo combustível caiu bem. Como consequência, os preços também despencaram.
Porém, com o retorno de muitas pessoas às suas atividades, a demanda pelos combustíveis voltou a aumentar e, com isso, os preços também subiram, já que não era necessário “estimular” a população a comprar tais itens.
Uma queda nos custos de produção dos itens também poderia ajudar na deflação.
Por exemplo, se o preço da saca do café caísse por parte dos produtores, então o produto final poderia ser vendido a um preço menor ao consumidor.
Até mesmo o aumento da taxa Selic, definida pelo COPOM, também poderia resultar na queda da inflação, pois as taxas pagas pelos bancos aumentariam, os produtos de crédito tornariam-se mais caros, os financiamentos seriam desestimulados e o consumo também, tudo em um efeito dominó.
O que fazer para se proteger deste processo econômico, que nem sempre está em nosso controle?
Como vimos, é difícil fazer isso, pois a inflação é a consequência de uma série de outros fatores que atuam em conjunto, sobre os quais a influência de cada indivíduo é bem pequena. Porém, ainda assim, é possível tentar escapar um pouco desses efeitos.
Uma dica interessante é acompanhar as variações do IPCA e nortear suas compras em relação a isso.
Porém, como o índice é bem volátil, essa não é a mais confiável das decisões, já que essa queda poderia se manter pelos próximos meses, por exemplo.
Portanto, uma alternativa segura e eficiente seria ter investimentos com rendimento acima da inflação.
Assim, mesmo com seus efeitos, a valorização de seus ativos compensaria os movimentos inflacionários e o seu poder de compra seria o menos afetado possível.
A política econômica afeta nossas vidas dia a dia, e é importante saber o que é inflação, já que ela reflete intensamente nos orçamentos das famílias.
Ao aprender sobre algo tão interessante, você não fica à mercê de notícias que nem sempre sabe o que significam e, com isso, entende o que acontece com o seu dinheiro!
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