A inflação é algo que todo mundo fala, mas poucos sabem o que é. Entenda agora como ela está mais próxima do que você imagina.
A inflação é o crescimento persistente e generalizado no nível de preços. Ou seja, é a média do crescimento dos preços de um conjunto de bens e serviços num determinado período de tempo. Apesar de poder ser sentida num curto prazo, a inflação anual só faz sentido quando analisada a longo prazo, observando o aumento dos valores ao longo dos meses e dos anos.
Como medir a inflação anual
A inflação anual é medida com base em índices que analisam os preços dos itens e serviços mais importantes para a população.
Veja um fato interessante: se os itens e serviços que você mais consome não fazem parte dessa “cesta básica”, a inflação é sentida de maneira diferente por você.
A forma mais utilizada de medir a inflação é observando a variação dos preços no varejo, naquele que chamamos de Índice de Preços Ao Consumidor – IPC.
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Porque a inflação aumenta o preço das coisas
Você também já deve ter percebido que, apesar dos preços das coisas aumentarem todos os meses, o salário dos trabalhadores permanece o mesmo. Esse é um dos efeitos negativos da inflação.
Se todos os preços (bens, salários, lucros, etc.) aumentassem uniformemente, não haveria problemas. Afinal, todos estaríamos ganhando mais no fim do mês.
O problema é que a inflação mexe nos preços relativos, e assim, dá ganhos para alguns e perdas para outros. Quando a inflação é superior ao aumento de salários, por exemplo, há perda de poder de compra da população assalariada.
Para um determinado agente econômico, determinada empresa, ou consumidor, justamente o que ele compra pode ter subido mais que a média, portanto, nem todo mundo sofre o mesmo impacto.
Papel da inflação na economia
A inflação também dificulta o cálculo econômico e cria ineficiência, pois prejudica a tomada de decisão num ambiente de incerteza e também afeta o comércio.
Ou seja, a inflação cria ineficiência na economia. É algo a mais que tem que levar em consideração, é um fator de risco adicional.
A inflação pode distorcer preços relativos, reduzir investimentos, atrapalhar o planejamento de longo prazo, redistribuir renda, entre outros efeitos nocivos.
No caso dos salários, por exemplo, são tipicamente fixados por um ano, de acordo com a inflação esperada neste período.
Caso a inflação seja mais alta que a esperada, o salário compra menos, isto é, trabalhadores perdem.
Na prática, trabalhadores sempre têm mecanismos mais fracos de proteção e sofrem perdas em momentos de inflação alta ou em elevação.
Esses efeitos devastadores da inflação foram fortemente sentidos nos períodos de hiperinflação, nos anos 80 e começo dos anos 90, quando num único dia os preços de itens no supermercado poderiam ter seu valor alterado.
É dessa época de alta inflação que vêm alguns hábitos tipicamente brasileiros, como fazer “compra de mês”: ir ao supermercado e comprar aquilo que seria consumido por todo o mês pela família, evitando as altas de preço nos dias seguintes.
Desde a implementação do Plano Real, em 1994, a inflação vem sob controle, mesmo que alguns produtos, durante poucos meses do ano, “fujam” desse controle. Mas nada que lembre as épocas de hiperinflação.
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Contudo, o que causa a inflação anualmente?
Bom, são várias as respostas para essa pergunta. A inflação pode ter uma causa monetária (impressão de dinheiro pelo governo), pode ter causas psicológicas (agentes ajustam o preço porque acham que outro também vai ajustar) e pode ter uma causa real (um desajuste entre a oferta e a demanda por bens e serviços).
Pressões generalizadas de custos podem explicar um aumento temporário da taxa de inflação. E ainda a causa da inflação pode ser o excesso de demanda – quando tem muita gente querendo comprar e não tem produção na mesma intensidade.
Outra explicação é o choque de oferta. Isso vale muito para produtos que dependem de São Pedro, ou seja, do clima e do tempo.
Também têm inflações que podem acontecer por distúrbios políticos: se houver uma guerra no Oriente Médio, o preço do petróleo vai disparar e vai ter inflação.
Para controlar a inflação anual o governo tem nas mãos várias ferramentas; a taxa de juros é uma delas, mas não é a única.
Funciona assim: se o Banco Central quiser rapidamente sinalizar para o mercado que não está gostando da remarcação de preços ele sobe os juros, para o crédito ficar mais caro, para arrefecer a demanda e, com isso, não dá para ficar remarcando preço, porque o consumidor não está comprando.
Além disso, quando a inflação está mais alta o governo deve gastar menos e não expandir a demanda.
São os dois instrumentos. O mais usado no mundo e o mais rápido é a política de juros.
O Banco Central tem um instrumento muito poderoso porque é o dono do dinheiro, então pode “tabelar” o preço.
No longo prazo, o melhor remédio para inflação é a expansão da capacidade produtiva, que aumenta a oferta de produtos e reduz os preços dos mesmos. Entendeu?
E é assim, mês a mês, que vamos “sentindo” a inflação no bolso e o governo vai manobrando do lado de lá. Gostou do nosso post? Ainda tem dúvidas? Mande para a gente!
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