Entenda porque pessoas sem conta em banco reduzem a recuperação da economia
Desbancarizados é uma palavra complicada para categorizar aquelas pessoas que não possuem conta em banco algum ou, se possuem, que não a movimentam há mais de 6 meses.
Segundo o instituto de pesquisa Locomotiva, esse número chega a 45 milhões no país, ou seja: de cada três brasileiros, um não tem conta em banco.
São principalmente autônomos e trabalhadores informais, que podem movimentar até R$ 800 bilhões de reais, mas que, infelizmente, não ajudam a economia a girar.
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Entenda porque não ter conta em banco prejudica a economia
Uma pessoa sem conta não tem crédito e, por isso, pode levar meses ou até anos de economia até conseguir adquirir uma televisão ou geladeira, por exemplo.
Caso fosse cliente de algum banco, facilmente conseguiria crédito e poderia parcelar essa compra, injetando dinheiro na economia e fazendo o fluxo girar.
Mesmo porque estamos falando de R$ 800 bilhões que seriam automaticamente injetados no mercado.
Ainda segundo o estudo, os desbancarizados representam 29% da população e 6 em cada 10 são mulheres, que geralmente assumem serviços domésticos e trabalham em casa.
Para essas pessoas, os bancos não representam uma vantagem porque o dinheiro em espécie acaba sendo mais importante do que um cartão.
São pessoas que têm gastos pequenos e compram de terceiros ou em locais que não possuem maquininha para cartão, ou ainda porque conseguem maior desconto comprando com dinheiro.
Outro dado que comprova essa conclusão é que 69% dos desbancarizados compram fiado, isto é, deixam para pagar suas dívidas no final do mês, quando recebem, e 51% confessaram já ter usado o cartão de crédito emprestado de outra pessoa.
Ou seja: um cartão de crédito faria a diferença na vida dessas pessoas.
Em geral, são cidadãos de baixa renda que realizam trabalhos esporádicos e informais, pelos quais preferem receber em dinheiro vivo.
Do total de desbancarizados, 62% moram no interior, sendo que quase quatro em cada dez moram no Nordeste (39%).
De acordo com o estudo do Instituto Locomotiva, embora o Sudeste seja a maior região do país em nível populacional, não reúne a maior parcela da população desbancarizada.
Quanto mais no interior e mais no Nordeste, maior é a presença da caderneta de fiado, ou caderneta de crédito que teve origem no varejo.
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Classes econômicas e idade
Oitenta e seis por cento dos desbancarizados estão concentrados nas classes econômicas C, D e E, que é a parcela da população menos conectada e com maior informalidade de trabalho. Desses, 49% estão na classe média (C).
Dos 45 milhões de desbancarizados, 58% têm apenas o ensino fundamental ou não têm instrução; 31% disseram ter recebido algum empréstimo e 45% informaram ter recorrido a familiares e 25% a amigos. Somente 24% recorreram a bancos ou financeiras para obter um financiamento ou empréstimo.
Metade (50%) dos desbancarizados está na faixa de 16 a 34 anos, com idade média de 37 anos.
Doze por cento, apesar de não terem conta em banco, têm cartão de crédito, às vezes mais de um (de grandes magazines e supermercados), enquanto 75% evitam ao máximo recorrer a bancos.
A falta de dinheiro é o motivo apontado por 31% dessa fatia da população brasileira para não ter conta em banco e 29% preferem usar dinheiro em espécie; 49% não confiam nos bancos.
O que fica claro com a pesquisa é que os bancos ainda não encontraram meios para falar com essas pessoas.
É possível que os anúncios em tv, jornais e revistas ainda passem distante da comunicação que realmente atingiria e falaria com essa parcela da população.
É preciso esclarecer que, não só o dinheiro fica mais seguro estando no banco como o próprio banco tem meios e produtos para oferecer a essas pessoas possibilitando realizar sonhos e adquirir bens de consumo.
A falta de confiança nos bancos, apontada por 49% dos entrevistados também é um número alto e preocupante, e deve ser trabalhando pela comunicação das instituições bancárias.
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