Garanto que você já ouviu falar sobre os juros do cheque especial. Não é mesmo?
Um orçamento apertado em um determinado momento acaba fazendo com que algumas pessoas recorram a alternativas para garantirem o pagamento de suas contas. Uma dessas opções é o cheque especial.
Apesar de a maioria dos cidadãos já ter ouvido a expressão, mesmo aqueles que possuem conta em banco podem não entender muito bem o que seria essa opção e quais são as condições quanto à sua utilização.
É exatamente por esse motivo que algumas pessoas acabam se complicando com as dívidas.
Há um fator muito importante que deve ser levado em consideração na contratação desse tipo de serviço: os juros do cheque especial.
Como toda a opção de crédito, o cheque especial também envolve a cobrança de juros e, nesse caso, eles podem ser bem altos. Mas antes de falar sobre esse assunto, vamos entender o básico.
O que é o cheque especial?
Trata-se de um valor disponibilizado em conta corrente que pode ser utilizado quando não há mais saldo suficiente.
O cheque especial pode servir para pagamento de contas, cheques, saques em dinheiro, pagamento no débito, entre outros.
Em termos gerais, é uma modalidade de crédito pré-aprovado que os bancos oferecem em caso de necessidade do cliente, mediante cobrança de juros.
Um dos problemas do cheque especial é que o correntista fica mal-acostumado por ter a facilidade de ter um dinheiro em mãos com frequência, e quando estiver no aperto, poder contar com essa opção.
O que o cliente às vezes não se atenta é que aquele dinheiro não o pertence e que, posteriormente, terá que devolvê-lo ao banco, com juros. No final das contas, aquela facilidade pode ser sinônimo de prejuízo.
Para que você possa consultar seu cheque especial, é simples. Quando um extrato bancário da sua conta corrente é emitido, você consegue observar que abaixo do saldo será indicado o seu limite.
Essa consulta também poderá ser feita diretamente nos caixas eletrônicos ou aplicativo do banco, acessando a opção para a qual você será direcionado.
As instituições financeiras costumam oferecer descontos para a quitação desse tipo de dívida, quando há necessidade de acordo. No entanto, os descontos são oferecidos mediante pagamento à vista.
Porém, com as novas determinações do governo, o cliente que se encontrar em situação delicada e não tiver condições de pagar à vista, terá a opção de parcelamento do valor total devido, em parcelas fixas.
O melhor é não deixar chegar a essa situação, já que novos juros serão incorporados à dívida e, no final das contas você terá pago um montante exorbitante.
Desde julho de 2019 algumas novas regras sancionadas pelo governo estão sendo seguidas pelas instituições financeiras para a oferta do cheque especial:
– O banco deve deixar o cliente ciente quanto a falta de saldo e utilização do cheque especial;
– Após 30 dias, se o cliente ainda possuir a dívida, as instituições deverão oferecer uma opção de parcelamento do saldo devedor com menores juros;
– O valor do cheque especial deve aparecer no extrato separado para que o correntista não confunda com o seu saldo. Algumas instituições não traziam informações claras no extrato e muito clientes acabavam sacando uma quantia do cheque especial, achando que aquele valor era parte do seu saldo disponível em conta;
– Se o cliente usar mais de 15% do limite do cheque especial disponível no período de 30 dias, o banco deverá oferecer uma opção mais barata de parcelamento da dívida. Caso o consumidor não aceite a proposta, o banco deverá ofertar uma nova opção após mais 30 dias.
O que são os Juros do Cheque Especial?
São taxas cobradas acima do valor que o cliente utilizou.
Na prática, seria como, por exemplo, você utilizar R$ 100 do seu limite e quando tiver que devolver esse valor para o banco, ter que pagar, R$ 110. Os dez reais a mais seriam os juros que o banco aplicou sobre a operação.
Como funcionam os juros do cheque especial?
As instituições financeiras são responsáveis pelas definições dos juros que irão aplicar. Por esse motivo, existem variações na cobrança das taxas de banco para banco.
Em linhas gerais, todas as vezes que uma pessoa faz uso do cheque especial, sobre aquele vaflor, serão somados juros.
Quando o crédito utilizado for descontado da conta do cliente, os juros aplicados serão descontados também e dependendo do banco, o consumidor pagará taxas um pouco menores ou muito maiores.
Os juros do cheque especial são calculados por dia de utilização do crédito.
Os bancos têm datas específicas estabelecidas para o vencimento do valor devido. O correntista que desejar alterar essa data, pode solicitar à instituição financeira.
Mas, o mais indicado é que o valor seja restituído ao banco antes do vencimento, se possível, para reduzir a cobrança de juros.
Quando o cliente não tem dinheiro na conta na data do débito da utilização, ou se ele excede o limite do cheque especial gastando mais que o valor estabelecido para o período de um mês, ele irá somar uma dívida com o banco e entrar em inadimplências.
Quando esse tipo de situação acontecer, o cliente deverá pagar multa além dos juros somados ao valor total devido.
O que é Limite do Cheque Especial?
Dentre as condições de oferta do cheque especial, há uma definição de limite a ser utilizado.
O valor será definido pela instituição financeira, de acordo com o perfil do cliente e relacionamento com o banco. Esse limite pode ser aumentado por solicitação do cliente, mediante aprovação.
Existe também a opção de diminuir o total aprovado. Para não cair na tentação de utilizar valores muito altos e ter que pagar juros excessivos ou até se endividar, você pode pedir para o banco diminuir o seu limite disponível.
Em situações de inadimplência, o limite do cheque especial pode ser reduzido, por determinação da instituição financeira, ou o banco poderá até mesmo deixar de oferecer o crédito.
Isso acontece, por exemplo, quando o consumidor possui cartão de crédito, vinculado à conta corrente e deixa de realizar o pagamento das faturas.
Como Calcular os Juros do Cheque Especial?
O que será cobrado, a título de juros, será baseado no valor que o cliente usou e na quantidade de dias de utilização.
Nesse cálculo, divide-se a taxa de juros mensal praticada pelo banco, pela quantidade de dias do mês, gerando a porcentagem por dia.
Depois, é só multiplicar esse número pela quantidade de dias que você utilizou o limite. Desse modo, você poderá aplicar o desconto da porcentagem em cima do valor total que utilizou.
Vejamos o juros do cheque especial na prática:
Suponhamos que você utilizou o valor de 300,00 do cheque especial. Os juros aplicados pelo seu banco são de 12% ao mês. Sua utilização foi por um período de dez dias.
Dividimos 12 por 30 e multiplicamos o resultado por 10, que vai dar 4. Você pagará 4% de juros pelos dez dias. 4% de R$ 300,00, resulta em R$ 12,00. Nessa operação, você estará pagando R$ 12,00 de juros, por uma utilização de R$ 300,00, em um período de dez dias.
Taxas de Juros do Cheque Especial dos Bancos
A taxa de juros de um banco, em comparação a outro, pode ter variações bastante consideráveis.
Para que o cliente possa compará-las, o Banco Central disponibiliza uma tabela comparativa atualizada, baseada em valores ao mês e ao ano.
Para que você tenha um acesso rápido às taxas de juros atuais de alguns dos principais bancos, destinada às pessoa física, acompanhe a relação abaixo:
Juros do Cheque Especial Santander 2019
A taxa de juros para contratação do cheque especial no Santander é de 14,78% ao mês e 423,04% ao ano.
Juros do Cheque Especial Bradesco 2019
No Banco Bradesco, a cobrança de juros ao mês é 12,31%, e ao ano, 302,67%.
Juros do Cheque Especial Itaú 2019
A cobrança da taxa de juros no Itaú é de 12,50% ao mês e 311,07% ao ano.
Juros do Cheque Especial Caixa 2019
Já a Caixa aplica taxas de 11,98% ao mês e 288,75% ao ano.
Juros do Cheque Especial Banco do Brasil 2019
O Banco do Brasil apresenta a taxa mais baixa, sendo ao mês 0,63% e 7,78% ao ano.
Um outro ponto que deve ser levado em consideração são as variações anuais que cada modalidade recebe.
Por exemplo, de acordo com matéria publicada pelo UOL, em 2020, os juros do cheque especial subiram 113,5% em novembro para 115,6% em dezembro de 2020. Contudo, na comparação com dezembro de 2019 houve queda de 132 pontos percentuais.
Vamos às principais variações das modalidades de crédito em dezembro de 2020:
Cheque especial: Subiu de 113,5% para 115,6% ano ano
Rotativo do cartão de crédito: de 321,2% para 328,1% ao ano
Cartão de crédito parcelado: De 146,8% para 148,9% ao ano
Juros do Cheque Especial vs Crédito Rotativo do Cartão de Crédito
O rotativo do cartão de crédito funciona com o pagamento da fatura, abaixo do total devido. Geralmente paga-se o valor mínimo, indicado na própria fatura, mas há opção de pagar qualquer valor acima do mínimo.
Essa é uma alternativa para quem se exceder nos gastos com o cartão de crédito e não tiver condições de pagar por toda a dívida naquele mês.
Apesar dos juros com o rotativo do cartão serem menores do que os do cheque especial, é importante analisar se realmente vale a pena optar por um ou outro.
Não pagar o valor total do cartão de crédito leva a um risco muito grande de acumular uma dívida ainda mais perigosa do que a do cheque especial.
Com essa última opção, o cliente utiliza o valor e devolve essa quantia, somada aos juros, a qualquer momento. Os juros serão cobrados apenas sobre os dias de utilização.
Já no caso do crédito rotativo do cartão de crédito, o cliente irá pagar o valor devido somente na próxima fatura, nesse caso, correrá pelo menos um mês de cobrança de juros, a menos que ele antecipe o pagamento, o que é bastante incomum.
Além disso, ao valor residual + juros, será somado o saldo devedor da próxima fatura, relativo aos gastos daquele mês.
Esse é o típico quadro que popularmente chamamos de “bola de neve”, uma dívida leva a outra e gera um grande endividamento.
Perguntas Frequentes Sobre os Juros do Cheque Especial
Porque as Taxas de Juros do Cheque Especial São Tão Altas?
As instituições financeiras, ao cederem esse crédito, não possuem nenhum tipo de garantia. Isso faz com que os bancos sintam a necessidade de uma cobrança tão alta nos juros do cheque especial.
Além disso, a facilidade para uma operação como essa é muito grande. De qualquer lugar e a qualquer momento, o cliente pode fazer a solicitação, sem que haja necessidade de comparecimento presencial, negociação e a assinatura de um contrato.
O banco também não tem garantias de quando a dívida será paga, o que oferece a ele um risco maior.
A taxa de inadimplência dos brasileiros também é fator determinante para a cobrança de taxas tão altas de juros.
Em 2018, operações bancárias, inclusive as que dizem respeito ao uso do limite pré-aprovado na conta, foram alguns dos principais motivos do endividamento dos 62,6 milhões de cidadãos que terminaram o ano negativados.
Como Escapar dos Altos Juros do Cheque Especial?
Se em todo o caso se faz necessária a utilização desse crédito, é importante que o valor devido seja restituído ao banco assim que possível.
Isso evita o pagamento elevado de juros do cheque especial pelos dias corridos.
O crédito comum e o consignado têm taxas e prazos bem mais atrativos e, geralmente, compensam mais do que o cheque especial e essa pode ser uma boa alternativa.
Além de taxas de juros menores, o crédito pessoal disponibiliza valores maiores, ao contrário do cheque especial, que normalmente não é suficiente para cobrir todas as necessidades.
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Quando Vale a Pena Usar o Cheque Especial e Pagar os Altos Juros?
A utilização do cheque especial pode valer a pena apenas em situações pontuais, quando você sabe que poderá cobrir o valor devido rapidamente, por exemplo.
Mas usar o cheque especial como alternativa não pode passar a ser um hábito.
Muitas pessoas utilizam esse crédito como se fosse uma extensão da sua conta corrente ou do salário. Muitos contam com aquele valor todo mês.
Esse é um crédito indicado somente em último caso e em situações emergenciais, quando não há outras alternativas. E mesmo em circunstâncias como essa, pode ser mais interessante negociar um empréstimo.
O que é IOF de Cheque Especial?
O IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é um imposto cobrado todas as vezes que o saldo da conta corrente fica negativo. Ou seja, sempre que o correntista recorrer ao cheque especial ele sofrerá a cobrança desse imposto.
O valor cobrado gira em torno de 0,38% + 0,0082% ao dia, sobre o saldo devedor. Apesar da taxa ser diária, o IOF tem cobrança mensal.
O que muitas pessoas não sabem é que IOF não é cobrado apenas na primeira vez que a conta é negativada.
Cada vez que o cliente retira um valor do cheque especial, mesmo sendo no mesmo mês, o banco concede um novo empréstimo e o cliente tem que pagar 0,38% novamente.
Qual a Taxa Média de Juros de Cheque Especial no Brasil?
Segundo informações do Banco Central, divulgadas no final de junho, as taxas de juros do cheque especial atingiram a média de 12,72% ao mês, no período correspondente ao mês de maio. Em abril, a média era 12,78%.
Situações como desemprego ou descontrole orçamentário muitas vezes levam a condições de endividamento. E a falta de planejamento financeiro, aliada ao desespero por querer sair do vermelho influenciam os brasileiros a se enrolarem ainda mais.
No caso de você já ter entrado no cheque especial, a maneira mais apropriada de sair dessa situação de endividamento é organizar suas finanças.
Avalie seus rendimentos e despesas e procure o gerente do seu banco para verificar a possibilidade de uma negociação que esteja de acordo com seu orçamento.
É normal as instituições financeiras oferecerem boas alternativas nas negociações, mas tenha cuidado quanto aos novos juros no parcelamento de dívidas. Há casos em que você terá mais prejuízos do que vantagens.
É importante também que você não confunda saldo com limite. Muitas pessoas entram no cheque especial por desinformação.
Esteja atento às movimentações da sua conta e ao seu extrato bancário, para não acabar utilizando um dinheiro que, no final das contas, é do banco e ele cobrará de você depois.
Conclusão – Juros do Cheque Especial
Ficou bem claro que a contratação do cheque especial se torna uma alternativa arriscada e até mesmo desfavorável ao orçamento, se não houver um planejamento prévio e um estudo das consequências de assumir essa dívida.
O que serviria para ajudar, pode trazer prejuízos considerando as altas taxas de juros e os riscos de se endividar.
A opção de contratação de um crédito pessoal, diante de uma necessidade, pode ser uma alternativa muito mais vantajosa e favorável ao cheque especial.
Os juros do crédito pessoal são menores, o pagamento é parcelado e você terá a garantia de que o valor devido não estará tão acima do solicitado.
Se depois de ler todo esse conteúdo você não quiser mais ter o cheque especial disponível em sua conta, então você pode optar por cancelar esse serviço junto ao banco e se ver livrar dos riscos que ele pode te oferecer.